Citologia de Ouvido

Por Marcela Próspero
Tempo de Leitura: 3 minutos


A otite externa se caracteriza pelo processo inflamatório do canal auditivo e ocorre em 8 a 15% dos cães e gatos atendidos nas clínicas. (MARTINS et al., 2011).


Para o diagnóstico das otites externas são utilizados exames complementares para chegar ao diagnóstico. Entre esses exames há a citologia de ouvido e parasitológico de ouvido.

Ambos os exames são bem simples de realizar, apresentam baixo custo.

Através desses exames é possível o diagnóstico de otites fúngicas, bacterianas e sarnas otodécicas.


Como coletar a citologia de ouvido?

Recomenda-se utilizar uma haste de algodão ou swab para coleta do cerúmen presente dentro do canal auditivo (meato acústico externo). O swab com o material retirado do canal auditivo deve ser rolado sobre a lâmina de vidro, sem pressão. Importante que o exame seja realizado nos dois pavilhões, direito e esquerdo, e a lâmina enviada ao laboratório seja identificada quanto a lateralidade.



Quais estruturas e agentes etiológicos é possível observar na citologia de ouvido?

Na análise microscópica da lâmina de citologia de ouvido, é possível avaliar a quantidade de escamas de queratina e epiteliócitos (células epiteliais externas), do cerúmen, além da presença ou ausência de células inflamatória (neutrófilos, macrófagos e linfócitos), fungos e leveduras de gênero Malassezia sp., cocos bacterianos e bacilos.


Malassezia sp.

Como interpretar a citologia de ouvido?

É importante que atente-se à contagem de microrganismos presentes na amostra. Raros cocos bacterianos não apresentam relevância, no entanto, grandes agregados possuem reflexo clínico para o paciente. Da mesma forma, os bastonetes em qualquer quantidade são considerados patológicos. As leveduras de Malassezia pachydermatis também podem ser encontradas em pouca quantidade de animais clinicamente saudáveis.


Critério de avaliação para citologias otológicas.



E como coletar o parasitológico de ouvido?

Por vezes, a lâmina realizada para a citologia pode demonstrar os ácaros presentes. No entanto, a sensibilidade do exame de citologia cai para a avaliação dos ácaros, visto que a lâmina não é “lacrada” para o envio ao laboratório, o que permite a fuga dos ácaros até a avaliação pelo patologista.


Dessa forma, recomenda-se que o algodão que contém o cerúmen seja retirado da extremidade da haste com o auxílio de uma fita adesiva, e aí colado sobre a lâmina. Esse procedimento evita a fuga do ácaro e aumenta a acurácia do exame.



Identifiquei meu paciente com otite, já sei como realizar a técnica. E agora?

Agora os passos são:

  1. Separar as lâminas que serão utilizadas

  2. Identificar a extremidade fosca com o nome do paciente e local da lesão

  3. Realizar o procedimento

  4. Colocar as lâminas, com a amostra em porta lâminas

  5. Enviar ao seu laboratório de confiança!


Dica: Evite enviar as lâminas soltas, ou embrulhadas em papel. Há grande risco de quebrar e/ou inviabilizar o diagnóstico. Tome cuidado para as lâminas não grudarem entre si.


Possui alguma dúvida em como proceder com o exame? Entre em contato com nossa patologista e obtenha o melhor para o seu paciente.


REFERÊNCIAS:
RASKIN, R.E.; MEYER, D.J. Citologia Clínica de Cães e Gatos. Atlas colorido e Guia de Interpretação. 2ª edição. Elsevier, 2011.

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