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Após reconhecer o padrão da lesão dermatológica observada no paciente, cabe ao médico veterinário realizar a sua lista de diagnósticos diferenciais. No entanto, para concluir se faz necessário o uso de exames complementares.
O mais comum deles, e geralmente o inicial, é a citologia de pele.
E o que é a citologia de pele?
É um exame no qual o profissional dermatologista ou patologista veterinário conseguem observar no microscópio a morfologia dos componentes presentes na pele.
Esses componentes vão desde as características das células epiteliais, escamas de queratina e possíveis agentes etiológicos como bactérias e fungos
Em quais tipos de lesão podemos usar a citologia de pele?
Existem muitos tipos de lesão do qual a citologia pode ser utilizada com sucesso na obtenção de um diagnóstico assertivo.
Lesões com prurido, pústulas, crostas, descamações, alopécicas e ulcerativas são indicadas para esse tipo de exame.
Então o primeiro passo está em reconhecer o padrão da lesão, além claro, de uma boa anamnese e exame clínico
Como coletar uma citologia de pele?
Existem formas diferentes de obter uma amostra de citologia de pele e por isso, mais uma vez, é importante que se reconheça o padrão da lesão.
Imprint direto: A mais utilizada é a técnica de impressão ("imprint"), na qual a lâmina é encostada / comprimida na lesão do paciente. Essa técnica é bem simples, e muito utilizada para lesões úmidas ou até ulcerativas. Apresenta como desvantagem a possibilidade de contaminação sanguínea, ou seja, a presença de muitas hemácias sobre a lâmina de forma que prejudica a observação no microscópio.
Imprint Indireto: Esse tipo de coleta é utilizada com o auxílio de um swab, haste de algodão ou escova citológica. O instrumento é friccionado sobre a lesão e posteriormente rolado sobre a lâmina de vidro. Também é uma técnica mais indicada para lesões úmidas e/ou ulcerativas, e sua vantagem está no menor risco da contaminação sanguínea. A citologia com o auxílio de um swab também é indicada para coleta de cerúmen (citologia de ouvido).
Escarificação: Nessa técnica, a superfície da pele é raspada com o auxílio de uma lâmina de bisturi, ou com a extremidade da própria lâmina de vidro. A raspagem é superficial e o material é depositado em outra lâmina de vidro. Para maior adesão da amostra, pode-se utilizar algumas gotas de óleo mineral. É mais indicada em lesões mais secas, crostosas, descamativas, ou ainda, quando a lesão é ulcerativa e nesse caso a escarificação deve ser realizada na borda da lesão.
Fita Adesiva: A fita adesiva, ou também chamada de fita de acetato, é grudada sobre a lesão e posteriormente colada sobre a lâmina de vidro. Essa técnica é muito simples e também indicada para lesões planas, secas, crostosas ou descamativas, ou ainda para pesquisa de ácaros superficiais e dermatofitoses. Em alguns casos é possível ainda avaliar a qualidade das hastes pilosas (tricograma).
Punções com ou sem aspiração: Para as punções utiliza-se uma seringa e agulha para coleta da amostra. São utilizadas para lesões nodulares, císticas, massas, placas ou linfonodos, denominadas pelo nosso laboratório como citopatologia, e por isso são melhor detalhadas na postagem de citopatologia.
Dica: Você pode fazer uma coleta multimodal, ou seja, aquela em que se lança mão de diversas técnicas em uma mesma lesão. Isso aumenta a chance de diagnóstico assertivo/conclusivo.
Reconheci o padrão da lesão e já sei qual a técnica vou utilizar. E agora?
Agora os passos são:
Separar as lâminas que serão utilizadas
Identificar a extremidade fosca com o nome do paciente e local da lesão
Realizar o procedimento
Colocar as lâminas, com a amostra em porta lâminas
Enviar ao seu laboratório de confiança.
Dica: Evite enviar as lâminas soltas, ou embrulhadas em papel. Há grande risco de quebrar e/ou inviabilizar o diagnóstico. Tome cuidado para as lâminas não grudarem entre si.
REFERÊNCIAS:
RASKIN, R.E.; MEYER, D.J. Citologia Clínica de Cães e Gatos. Atlas colorido e Guia de Interpretação. 2ª edição. Elsevier, 2011.